Cresce o consumo de vidro por residências no país

Pesquisas mostram que nos últimos dois anos houve um crescimento de 30% e uso de vidros de controle solar é cada vez maior

A nova geração de vidros de controle solar é a grande aposta dos fabricantes do setor para movimentar ainda mais um mercado que cresceu significativamente em 2010, embalado pelo boom da construção civil no país. Os dados da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano (Abravidro) confirmam as boas-novas, já que a expectativa de crescimento para 2010 é de 10 a 12%.

Mas o bom momento não se deve somente às grandes construções. “A área envidraçada nas fachadas e coberturas das casas está cada vez maior. Nossas pesquisas mostram que o uso do vidro em residências cresceu 30% nos últimos dois anos”, fala Carlos Henrique Mattar, gerente de mercado da Cebrace. Um aumento plenamente justificado pelos modelos de controle solar seletivos, que além de transparentes estão mais adaptados às nossas condições climáticas. “Como podem ser combinados para obter diferentes índices de transmissão de luz e calor, eles contribuem para a eficiência energética das construções”, diz o arquiteto paulistano Paulo Duarte, especialista em envoltórios de edifícios.

Vidros de Controle Solar

“Pode-se dizer que os vidros espelhados foram a primeira geração de modelos com controle solar, pois eles barravam o calor, só que também impediam a passagem da luz, representando um gasto maior com energia elétrica”, diz Paulo Duarte. Além disso, a aparência dos espelhados ficou muito associada a edifícios corporativos, o que não é atraente para o mercado residencial. “Em casa, as pessoas querem visibilidade e integração com a paisagem”, fala Lucien Belmonte, superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro).

Por isso, a preferência hoje pelos modelos transparentes, que permitem criações de estética ousada e visibilidade total, caso do Espaço X3, criado pelo arquiteto paulista Fernando Brandão para a mostra Casa Cor Trio. “O espaço do meu projeto, na arquibancada do Jockey Club de São Paulo, era voltado para a pista de corridas e uma bonita vista da cidade. Por isso, a transparência ali era essencial. Desenhei então um escritório que combina estrutura de aço e fechamento com vidros do tipo seletivo, já que o sol da manhã incide diretamente no local”, conta Fernando

O cubo de vidro -  Casa Cor Trio
O cubo hexaedro assinado por Fernando Brandão para a mostra Casa Cor Trio, em São Paulo, tem estrutura de aço e fechamento com placas de vidro de controle solar seletivo laminadas (Eco-Lite, da Cebrace). Para fixá-las, o arquiteto usou um sistema novo, o Flexiglass (T2G) com leds. Feito de polimetilmetacrilato (resina que se solidifica e é totalmente transparente).

Principais tipos de vidro

Monolítico: vidro comum, usado em caixilhos de alumínio.

Temperado: um choque térmico na fabricação o torna cinco vezes mais resistente que o comum. Se quebrar, produz pedaços pequenos e não cortantes.

Laminado: sanduíche de duas ou mais placas de vidro, que leva no miolo uma película de segurança (PVB, EVA ou resina). Se romper, a película retém os pedacinhos.

Aramado: vem com uma malha de aço no meio da massa. É um vidro de segurança (a malha de aço retém os cacos), e também tem função de isolante termoacústico.

Duplo, ou insulado: conjunto de duas folhas separadas por uma camada de ar, que isola ruídos e proporciona conforto térmico.

Refletivo, ou espelhado: reflete a luz e não absorve tanto calor.

Controle solar: transparente, recebe diferentes camadas de produtos químicos para determinar a quantidade de luz e calor que passará pelas chapas.

Serigrafado: colorido, é impregnado de tinta no forno de têmpera.

Jateado: jatos de areia ou pós abrasivos fazem desenhos opacos na superfície.

Impresso: apresenta relevos e texturas na superfície, feitos no processo de fabricação.

Acidado: submetido a solução ácida, torna-se opaco.

Curvo: moldado a quente em fôrmas a partir de 3 mm de espessura, é feito sob encomenda.

Blindado: as camadas plásticas existentes entre as várias lâminas de vidro amortecem o impacto e oferecem resistência.

Autolimpante: possui uma camada metalizada que tem como principal componente o óxido de titânio. Os raios ultravioleta ativam as propriedades autolimpantes do vidro, não deixando a sujeira fixar na superfície da chapa.

Antirreflexo: passa por um processo que tira o brilho de sua superfície, tornando-se antirreflexo, sem alterar a sua capacidade de transmissão da luz.

O vidro e suas especificações de uso

“Uma das grandes vantagens do vidro é sua versatilidade. Além da aplicação mais comum, em esquadrias, ele serve até como estrutura”, diz o presidente da Abravidro, Wilson Farhat Júnior. “Mas, para uma utilização correta e segura, é necessário seguir as especificações da norma 7199 da ABNT”, fala a engenheira civil Danila Ferrari, do departamento de engenharia da Fanavid. Guarda-corpos e coberturas, por exemplo, pedem vidros laminados, que são compostos de duas ou mais chapas do material unidas por filmes de segurança. “Outras condições do local, como ventos e diferenças de temperatura, também inf luenciam. Por isso, somente um projeto detalhado pode determinar a espessura e o jeito correto de fixar os vidros”, completa Danila.

Sacadas e varandas ainda não têm uma norma publicada, mas de qualquer modo devem ser fechadas por algum vidro de segurança, seja laminado ou temperado. Este último tem resistência cinco vezes maior que o vidro comum. Placas temperadas e laminadas são a combinação recomendada para degraus de escada e pisos, que têm espessura e tamanho indicados pela carga, uso e fatores ambientais.

Fonte: casa.abril